A Casa de Jajja – moradias autoconstruídas por mulheres em zonas rurais
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie – São Paulo/SP
O projeto se constitui por relações de afeto e arquitetura, como prática emancipadora através da pesquisa empírica sobre moradias autoconstruídas para mulheres rurais em Uganda; dos desenhos à construção, entende-se o processo construtivo como lugar de troca de conhecimento e reconhecimento.

Jajja segurando a maquete do projeto de sua casa, dentro da casa construída. Uganda, em Fevereiro de 2020.
As mulheres compõem 75% dos pobres do mundo e são as principais responsáveis pelas crianças; seus cotidianos no meio rural incorporam atividades que mitigam os efeitos do aquecimento global, mas essas mulheres são também as mais afetadas durante os desastres naturais causados pelas mudanças climáticas; as atividades domésticas sempre foram delegadas à elas, mas seu ambiente doméstico é pensado e construído por homens. Tais dados nos abrem questões: e se levássemos em consideração essas rotinas para construir espaços mais igualitários? e se as mulheres fossem protagonistas na criação de suas casas? O projeto foi concebido através de imersões em Kikajjo, comunidade em Uganda, África Oriental, num processo que envolveu a participação direta da Jajja, uma líder comunitária de 76 anos. Os métodos empregados são baseados em trabalhos de campo, levantamentos etnográficos e técnicos e prototipagem através da prática da construção. Este processo, iniciado com o TFG, teve sua continuidade com a arrecadação para o financiamento de terreno e obra, executada e concluída conforme concepção participativa. O processo construtivo foi realizado através de oficinas de construção para as mulheres locais, promovendo a capacitação técnica como ferramenta de empoderamento para sua autonomia.

Aprender com o estilo de vida de Jajja: as suas necessidades e seus desejos, sua rotina, seus roteiros, seus rituais. Investigação sobre recursos e técnicas locais e aprendendo com exemplos de inovação técnica.

A concepção preliminar do projeto, comunicada e discutida com a Jajja através de um modelo à escala.

Desenhos finais da casa da Jajja: planta baixa, seções, elevações e um diagrama de perspectiva.

A fase de construção durou 6 semanas, e serviu como oficina de formação para as mulheres locais. Os fundos foram angariados através de uma campanha de financiamento coletivo.
Autora:
![]() Mariana Montag Ferreira |
Orientação:
Lucas Fehr, Ricardo Carvalho Lima Ramos e Sasquia Hizuru Obata